Uso de antibióticos: quando é realmente necessário?
- kidzenithco
- 23 de jun
- 3 min de leitura

Você já saiu de uma consulta médica com a sensação de alívio por ter conseguido um antibiótico para o seu filho? Ou talvez já tenha ficado frustrada(o) porque o médico disse que "não precisava de antibiótico dessa vez"?Essa dúvida é mais comum do que parece — e, quando o assunto é saúde infantil, a linha entre agir rápido e agir com cautela pode parecer confusa.
O que são os antibióticos, afinal?
Os antibióticos são medicamentos capazes de matar ou inibir o crescimento de bactérias, ajudando o corpo a se livrar de infecções bacterianas. Eles revolucionaram a medicina e salvaram milhões de vidas desde que foram descobertos — são fundamentais em casos como pneumonia, infecções urinárias, amigdalites bacterianas, otites e outras infecções graves.
Mas aqui está o ponto chave: antibióticos só funcionam contra bactérias. E muitas doenças infantis são causadas por vírus, contra os quais os antibióticos não têm efeito algum.
Vírus x Bactérias: qual a diferença?
Essa é uma pergunta importante, porque os sintomas podem parecer muito parecidos.
Vírus: causam a maioria dos resfriados, gripes, bronquiolites, viroses gastrointestinais e até algumas conjuntivites. Eles geralmente se resolvem sozinhos, com repouso, boa hidratação e cuidado sintomático (como controle da febre e alimentação leve).
Bactérias: causam infecções como amigdalite bacteriana (estreptocócica), infecção de ouvido (otite média bacteriana), sinusite persistente, algumas pneumonias e infecções urinárias.
O desafio é que os sintomas podem se sobrepor — por isso, o olhar clínico do pediatra é essencial.
Mas por que não "garantir" com um antibiótico?
Essa é uma dúvida super comum. Muitos pais pensam: "Se der antibiótico logo, o quadro melhora mais rápido, certo?"Nem sempre. Usar antibiótico sem necessidade pode trazer mais malefícios do que benefícios. Veja por quê:
1. Risco de resistência bacteriana
O uso indiscriminado de antibióticos faz com que as bactérias aprendam a "driblar" o remédio. Com o tempo, essas bactérias se tornam mais fortes, mais difíceis de tratar — o que é um risco para a saúde de toda a sociedade. É como se as bactérias colocassem uma armadura: o remédio que funcionava antes, agora já não resolve mais.
2. Efeitos colaterais
Antibióticos podem causar reações adversas como diarreia, alergias, vômitos e dor abdominal. Além disso, eles afetam a flora intestinal da criança, desequilibrando as bactérias “do bem” que vivem no intestino e ajudam na digestão e na imunidade.
3. A falsa segurança
Quando usamos antibiótico sem necessidade, podemos mascarar sintomas importantes ou até atrasar o diagnóstico correto.
Quando o antibiótico É necessário?
O pediatra vai avaliar vários fatores: sintomas, tempo de duração, sinais clínicos e até exames (quando indicados). Algumas situações em que o antibiótico costuma ser indicado incluem:
Amigdalite bacteriana (com teste positivo para estreptococo)
Otite média aguda com sinais inflamatórios intensos
Pneumonia bacteriana confirmada
Infecção urinária com urocultura positiva
Sinusite com mais de 10 dias de sintomas ou piora súbita após melhora inicial
Mas atenção: nem toda febre significa infecção bacteriana. A febre é uma resposta natural do corpo, e em muitos casos ela está presente em infecções virais — que se resolvem sozinhas.
Como o pediatra decide se é ou não necessário?
O pediatra considera:
Há quantos dias a criança está doente?
Quais os sintomas predominantes? (tosse, secreção, dor, febre, vômitos, etc.)
A febre está persistente ou voltando após melhora?
A criança está ativa, se alimentando, brincando?
Há sinais no exame físico que sugerem infecção bacteriana?
É o primeiro episódio ou um quadro que se repete?
Além disso, pode ser necessário fazer exames complementares como hemograma, raio-X ou urina — mas nem sempre são obrigatórios.
Como os pais podem ajudar nesse processo?
Confie no pediatra de confiança: o julgamento clínico é o maior aliado.
Evite automedicação: não use antibióticos “que sobraram” ou comprados por conta própria.
Observe e registre os sintomas: horários de febre, comportamento, alimentação, evacuações.
Ofereça acolhimento e cuidados básicos: repouso, hidratação, alimentação leve e presença.
Evite pressionar por receitas: entenda que “não prescrever” também é cuidado responsável.
Dica de ouro: nem sempre tratar é medicar
A medicina moderna vem resgatando a ideia de que observar com atenção é tão importante quanto intervir. Muitas vezes, o melhor a fazer é acompanhar com carinho e permitir que o corpo da criança faça seu trabalho — com suporte, sim, mas sem excessos.
E quando o antibiótico é indicado, como usar com segurança?
Siga a prescrição até o fim, mesmo que a criança melhore antes.
Respeite os horários e evite esquecimentos — a regularidade é essencial para o remédio funcionar.
Não reaproveite antibióticos em outros episódios.
Informe ao pediatra se houver reações adversas como manchas, diarreia intensa ou vômitos.
Conclusão
Antibióticos são aliados poderosos — quando bem indicados. O maior desafio está em usá-los com consciência, segurança e responsabilidade. Tem dúvidas quanto ao uso de antibióticos? Conheça nosso programa Cuidar de Perto.
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