Quando Pensar em Câncer na Criança: Um Guia para Pais Atentos
- kidzenithco
- 26 de mai.
- 3 min de leitura

Falar sobre câncer infantil pode causar apreensão em qualquer família. Afinal, associamos essa doença a algo grave e muitas vezes distante do universo infantil. No entanto, embora o câncer em crianças seja raro — representando cerca de 1% de todos os casos de câncer — é importante saber que ele existe, e que o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento e nas chances de cura.
A boa notícia é que, na maioria das vezes, os sintomas que assustam os pais têm causas muito mais simples e comuns, como infecções virais ou problemas benignos. Ainda assim, conhecer os sinais de alerta pode ajudar a identificar precocemente algo que precisa de atenção.
A seguir, vamos explicar de forma clara e acolhedora quais sinais merecem investigação, quando é importante procurar um pediatra e como manter o equilíbrio entre o cuidado e a tranquilidade.
O que é o câncer infantil?
O câncer é o crescimento descontrolado de células anormais no corpo. Nos adultos, ele costuma estar relacionado a fatores ambientais ou ao estilo de vida, como tabagismo ou exposição a toxinas. Já nas crianças, muitas vezes o câncer surge por alterações genéticas que ocorrem ainda durante o desenvolvimento fetal, e não está relacionado a hábitos ou escolhas dos pais.
Os tipos mais comuns de câncer infantil são:
Leucemias (afetam o sangue e a medula óssea)
Tumores do sistema nervoso central (como o meduloblastoma)
Linfomas (atingem os gânglios linfáticos)
Neuroblastoma, tumor de Wilms, rabdomiossarcoma, entre outros
Sinais e sintomas que merecem atenção
Muitos dos sinais do câncer em crianças são inespecíficos — ou seja, podem parecer com os sintomas de doenças comuns da infância. Por isso, o segredo está em observar a persistência, a intensidade e a combinação desses sintomas.
Veja abaixo os principais sinais de alerta:
1. Febre persistente sem causa aparente
Uma febre que dura mais de 7 a 10 dias, sem explicação clara (sem sinais de infecção, por exemplo), pode ser um sinal de que o organismo está enfrentando algo mais sério.
2. Perda de peso e falta de apetite
Se a criança começa a emagrecer sem motivo, rejeita alimentos constantemente ou perde o interesse por atividades que antes gostava, vale uma avaliação mais detalhada.
3. Cansaço extremo, palidez e desânimo
Cansaço que não melhora com o descanso, aparência muito pálida, sonolência excessiva e fraqueza podem estar relacionados a problemas na medula óssea, como a leucemia.
4. Dores ósseas ou nas articulações
Dores que não melhoram com analgésicos comuns, especialmente se atrapalham o sono ou a locomoção da criança, merecem atenção. Se a criança começa a mancar, por exemplo, isso não deve ser ignorado.
5. Aparecimento de caroços ou gânglios aumentados
Nem todo “carocinho” é motivo de preocupação — é comum que as crianças tenham gânglios palpáveis quando estão resfriadas. Mas se o caroço cresce rapidamente, é duro, não dói e não diminui com o tempo, é bom investigar.
6. Manchas roxas pelo corpo (sem trauma) e sangramentos
Hematomas que aparecem “do nada”, sangramentos nas gengivas ou pelo nariz, ou manchas vermelhas (petéquias) podem estar relacionados a alterações nas plaquetas e no sangue.
7. Dores de cabeça fortes e vômitos pela manhã
Vômitos ao acordar, acompanhados de dor de cabeça frequente e mudanças no comportamento, como sonolência ou irritabilidade, podem estar ligados a tumores no sistema nervoso central.
8. Alterações na visão, nos olhos ou no equilíbrio
Estrabismo de início súbito, um olho que parece “brilhar” em fotos com flash, perda de visão ou desequilíbrio também podem ser sintomas neurológicos importantes.
Quando procurar o pediatra?
Sempre que você perceber algum desses sinais de forma persistente, progressiva ou sem explicação clara, é importante procurar orientação médica. Não significa que será câncer — na maioria das vezes não será —, mas o acompanhamento é essencial para afastar qualquer risco.
O pediatra é o profissional ideal para avaliar os sintomas no contexto do desenvolvimento da criança, fazer exames iniciais e, se necessário, encaminhar para avaliação com especialistas como hematologistas ou oncologistas pediátricos.
E se for câncer?
A primeira reação costuma ser de medo — e isso é compreensível. Mas é importante saber que os cânceres infantis têm altas taxas de cura, especialmente quando descobertos precocemente. Muitos centros especializados no Brasil oferecem tratamento completo, com equipes multidisciplinares, apoio psicológico e suporte para a família.
Além disso, as crianças geralmente respondem muito bem à quimioterapia e têm grande capacidade de recuperação.
Um olhar acolhedor para os pais
Como pais, nosso instinto é proteger, cuidar, vigiar. Mas também precisamos equilibrar a atenção com a tranquilidade. Não é necessário viver em alerta constante — basta observar com carinho e buscar ajuda médica quando algo parece persistente ou incomum.
Confiar no seu olhar e na parceria com o pediatra é o melhor caminho. Com informação e apoio, conseguimos cuidar melhor dos nossos filhos, com mais segurança e menos ansiedade.
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